quarta-feira, dezembro 01, 2010

Especialmente naquela primavera que prometia tudo e que todos esperavam aflitamente, as flores não prosperaram. Nenhuma sequer apareceu nos lares e canteiros daquela cidade, que esperava tão ansiosamente por elas. Todas as flores estavam mortas e infelizmente não tiveram a chance de permanecer naquela primavera que prometia tanto. Uma fatalidade era aquele acontecimento, toda a cidade vivia exclusivamente das flores, era conhecida como das cidades mais belas por justamente possuir flores tão lindas. A cidade estava com toda expectativa de continuar nascendo às flores mais belas, pois assim o comércio aumentava e o turismo também, tudo naquela cidade cheirava e girava em torto das flores.
O desespero foi total quando a cidade acordou e não viu apenas flores mortas, era inacreditável, e a pergunta que não saia da cabeça de todos era “o que aconteceu?”. Especialistas foram chamados, policiais e cidadãs ficavam de vigias, ninguém saia ou entrava naquela cidade, apenas com autorização do prefeito, e isso continuaria ate descobrirem o que tinha acontecido. As investigações começaram logo no 3º dia da primavera; o prefeito queria agilidade, o comércio tinha parado e precisa voltar o mais rápido possível, e as pessoas precisavam sorrir novamente, por querer ou falsamente. Era preciso a normalidade, a maioria queria voltar a sua rotina, e isso só acontecia quando as flores voltassem.
No quinto dia os especialistas/investigadores descobriram o que tinha acontecido. Era simples, era veneno. E no mesmo momento que descobriram começou também a correria para pegar o criminoso, afinal quem poderia cometer uma atrocidade daquela e se teve por que e com que direito? Eram tantas perguntas para uma resposta. A polícia com a mesma velocidade que tiveram o procedimento da descoberta do veneno foi procurar quem era o culpado, que achou num piscar de olhos. Policiais, prefeitura, população todo pela mesma causa, tudo pela recuperação do tempo e dinheiro perdido.
O “criminoso” não era muito dos lá dos espertos também, que já rapidamente foi descoberto, foi mais simples achá-lo do que cachorro em casa de cachorros perdidos. O mesmo tinha comprado uma grande escala de veneno, inclusive fez essa compra na própria cidade. Iuiuiuiu, carro da polícia chega a casa dele, e com isso população exasperada e preparada na praça para matá-lo. Força a porta, abre a porta, entra na casa e lá está ele.
- Então rapaz, você que é o criminoso né?! – diz o policial
- Criminoso de que meu senhor? O que fiz? O que fazem aqui? – surpreso, pergunta o rapaz considerado como o criminoso.
- Não é você que faz as perguntas aqui meu caro, somos nós. Alias como tem a coragem de perguntar o que você fez. Não acredito, além de destruidor é irônico também – falou o detetive.
- Mãos ao alto, você está preso por ter destruído toda a fonte de vida da cidade, como teve coragem em, seu bárbaro? Já falei mãos ao alto! Matar aquelas flores – diz o policial ao mesmo tempo nervoso e de coração partido ao lembrar-se das flores.
- Mas não foi culpa minha. Eu precisava fazer aquilo, ou elas iam me matar, não pensei em prejudicar ninguém senhor policial. Era o cheiro delas. E elas estão ao meu redor, e o cheiro de todas faz-me lembrar da minha mulher, que morreu. Não estava mais agüentado, estava totalmente atormentado, todas elas me lembravam ela, elas eram ela, ela era elas. Porém agora estou aliviado, nada de flores, nada de cheiro, e minha mulher descansa em paz enquanto eu não morro, não quero morrer, entende?! E o cheiro estava me matando – dizia o rapaz já aos prantos, por lembrar do cheiro, por lembrar da tua mulher.
- Não me venha com mentiras, está preso, venha, está preso e pronto. Quero ver se não conta a verdade lá na prisão. Espere por ver.
- Mas não minto meu senhor, não minto.
E para a prisão eles foram. A população não conseguiu matá-lo, mas conseguiu prisão perpetua. A paz retornou, o bolso encheu, e as flores depois da recuperação do solo, ah elas conseguiram voltar, voltar para a cidade das flores. 

segunda-feira, novembro 01, 2010

P

Claramente era perceptível que ela sorria para mim enquanto eu fazia aquela cara de paisagem, disfarçando qualquer tipo de reação sobre aquele sorriso e olhar penetrante e nem um pouco comum, aqueles olhos comiam-me por inteiro, eram gigantes e perturbadores.
Tinha uma vontade incessante de ir ao seu encontro e falar-lhe “Por que olha tanto?”, contudo não tinha tempo para isso (pois com certeza isso levaria a uma discussão) e minha pequena podia a qualquer momento.
Com quinze minutos de atraso, minha pequena chegou. Estava graciosa. Seus médios cabelos arruivados brilhavam em plena noite, seu corpo finalmente admitiam suas curvas com a roupa que estava usando e seu rosto ainda infantil a deixava mais bela. Quando me viu, acenou para mim. Busquei-a, dei-lhe um beijo e fomos diretamente à mesa onde eu estava enquanto a esperava.
Quando chegamos à mesa, olhei ao redor e não encontrei aquela desconhecida que sorria e olhava para mim com tanto fervor. Durante todo o período do jantar não consegui sequer concentrar nas palavras que saiam da boca da minha menina. Simplesmente estava fixado naqueles olhos gigantes e perturbadores que pareciam que me contavam algo.
Fiquei neste estado (fixado) durante a semana inteira, não conseguia pensar em mais nada, dentro de mim eram somente devaneios voltados àqueles olhos e arrependi-me profundamente por não ter lhe perguntando o motivo daquele olhar, estava completamente frustrado e obcecado. Não conseguia descobrir o que se passava naquele olhar, naquele sorriso, apenas tinha suposições que com certeza eram totalmente fracassadas, minha mente não processava nenhum pensamento racional sobre aquilo, era muito mais complicado do que eu podia imaginar.
Chegou sexta-feira, precisava fazer compras no supermercado, meu armário já não estava mais abastecido; sabia que ia enfrentar um trânsito que fatalmente iria me deixar estressado, mas fazer o quê? Cidade grande era assim mesmo e até o meu interior logo ia acabar tornando assim também.
Entrei no carro e vou em direção ao supermercado. Cheguei à avenida principal movimentada como sempre. O semáforo ficou vermelho. Olhei então para a calçada, até que vi a mulher que tanto me perturbou durante a semana. Fiquei exaltado com a idéia que podia finalmente tirar aquela dúvida, que não saía da minha cabeça. Com a cabeça evaporando idéias, escuto um barulho. Era um tiro. Dentro do meu carro vejo pessoas correndo desesperadas. Então olho novamente para a calçada a procura daquela mulher e quando a vejo estava no chão, seu sangue estava esparramado por toda a calçada, estava morta. O sinal abre. Acelero o motor, sigo o meu caminho, sem saber o que fazer ou sentir.

sábado, outubro 30, 2010

É que no fundo dói.



(Para Diego Terra)

Acontece que lá no fundo dói, e dessa vez nem tive como prevenir, quer dizer nunca consegui, até porque dor a gente não evita, quando vemos já está doendo e doendo muito. Eu poderia dizer que é culpa sua, porem seria mais minha do que sua não é?! Talvez realmente fosse culpa do tempo, até por que quando não estou julgando a mim, julgo-o como todo provocador desse final triste poderia ele ter dando mais tempo a nós dois?
Dessa vez eu não pedi, apenas aconteceu, contudo se aconteceu, é por que existia, existia na minha cabeça, nos seus olhos, nos nossos corações, principalmente no meu, que deve está esmagado com tanta dor.
Só lamento está assim, já tentei levantar da cama, ressuscitar, mas não dá, o meu corpo está gélido, minhas mãos estão trêmulas, as pernas sem sequer tem vontade de se erguer, do mesmo jeito que eu também não tenho. É complicado, eu sei, mas fazer o que?! Aceitar?Sim. As coisas acontecem, infelizmente ou felizmente, e tudo vira sal e mineral, e você também virou, e agora eu não agüento aceitar esta injustiça ou justiça. Não tenho mais a quem apelar, tinha quando você estava, mas agora não está, e estou só, e as forças que eu tinha acabaram-se, junto com nós dois.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Então gente mais um dica de banda (outra que eu gosto muito) e vai fazer show em Bh (quem quiser me dá o ingresso eu deixo tá). Tem um som agitadinho e e alterativo, link do site da banda esta ae Phoenix. Espero quem gostem.


Depois de muuuito e muito tempo

Como disse no título ae, depois de muito, muito e muito tempo, vim postar uma coisinha, vim dá um dica sobre um forum muito bacana,  Clube do livro, este clube é muito bacana e tem muitas discussões sobre livros, sem contar que um forum deste nos incetiva a ler e discutir sobre algumas coisas que geralmente não temos a oportunidade (a não ser dentro da escola). Então é isso gente, participa lá, Clube do Livro.

domingo, outubro 17, 2010

Ponto final não, vírgula.




Não era mais preciso pedalar. Acabou. Pois ela já tinha finalmente chegado aonde queria estar. Claro que não no sentido literal da coisa, lugar, tempo, espaço, já que por ela tinha que ter nascido há muito tempo atrás, mas digo no sentido em que tinha realizado seus sonhos de menina, justo esses que são os mais brilhantes.
Vamos dizer que não pedalou muito - apesar de que qualquer outra pessoa precisaria pedalar muito para chegar aonde ela tinha chegado - entretanto pode não ter pedalado muito, mas suas poucas pedaladas foram suficientemente fortes para chegar rapidamente aonde queria. E onde estava então? Ora, ela estava nos seus sonhos de menina. Infantis?  Nunca, calúnia seria dizer isso, tais sonhos eram somente grandes, grandes para ela, pequenos para o mundo, o mesmo mundo que agora estava na palma da sua mão.
Mas enfim, chegou lá, e é isso que importa. Seus sonhos de menina estavam realizados. Realizou. Vírgula, pois por ponto final não dá. Tinha que fazer alguma coisa agora. O quê?  Dormir, comer e sentar? É isso seria bom, mas não o ideal. Os sonhos de menina tinha se realizado, agora só faltava uma coisa, ou várias outras vírgulas, os sonhos de mulher também se realizarem. Afinal, a menina sonhou, cresceu e realizou seus sonhos de pequena, mas enquanto ela crescia, ela também sonhava e então para novamente conseguir realizar outras previsões do futuro da sua cabeça, precisava enfim voltar a pedalar.

sábado, outubro 09, 2010

Conto de fada


As portas do quarto branco do hospital se abriram, com o vento leve, mas envolto de uma áurea maior. O seu vulto luminoso atravessou a porta, olhou de ultimo relance para mim e sorriu, enquanto eu sentia todos os meus sonhos petrificando, congelando, para assim eu sempre tê-la nos meus pensamentos. Pois era simples entender, nós eternamente estivemos e estaremos um do lado do outro.
De lembranças não sou muito bom, tanto que não lembro nem data e hora marcada do nosso primeiro encontro, apenas tenho na minha cabeça imagens misturadas, cheias de sonhos e acontecimentos reais, nunca consegui extinguir com clareza o que era e o que não era recordação real. Contudo lembro que era uma tarde, clara, clara, iluminada não podia estar mais, as nuvens estavam brincando umas com as outras, passarinhos cantarolavam uma música engraçada e agradecendo isso a eles eu sorria. No meio desta paisagem linda vi de longe uma coisa ainda mais graciosa, uma moça altiva, com vestido vistoso e leve, nova. Olhei mais âmago para ela, escolhi um banco onde poderia fixar meus olhos nela, e passei admira – lá. Logo ela percebeu - acho que quando duas almas se encontram, elas imediatamente percebem se vão dar certo ou não, com certeza devem ir pelo cheiro, pois o cheiro dela era delicioso- sentou junto a mim, com um sorriso graciosíssimo na cara, que fazia uma junção perfeita com os seus olhos brilhantes e pequenos. Ficamos neste estado de transe durante um bom tempo, até que chegaram muitas borboletas que começaram a nós levantar, estávamos mais leves, éramos plumas. E assim fomos subindo, subindo, subimos tão alto que nas nuvens que eram feitas de algodão estávamos. Depois de um longo tempo também, caímos na minha cama, lá nossos cheiros se misturavam, os pés macios se entrelaçavam e acariciavam uns aos outros.
Sem explicação, de modo inesperado começamos a precisar um do outro. Gostávamos tanto do modo plural que éramos, que explosões nos nossos corações eram normais, que sorrisos tímidos apareciam ao descobrir coisas misteriosas um dos outros, eu não chorava, ela escondia deixado da cama por ter medo de monstros, na verdade nem eu nem ela já tínhamos visto algum monstro, mas como ela dizia se chegasse a aparecer, nós pelo menos estaríamos protegidos debaixo da cama.
Muitas pessoas nos chamavam de loucos, inclusive e principalmente meu pai que não suportava nos ver juntos, soltava sempre palavras grossas no ar quando chegávamos nós dois (eu e ela), mas que culpa tinha eu de não ser como ele queria? Desde pequeno ele me afastava de perto dele, falava que não tinha tempo para minhas bobagens, que era doido da pedra, e com isso vivia gritando comigo, e eu chorava, até que vinha minha mãe dizendo: chora baixinho meu filho, não estressa seu pai, e cada dia eu ia aprendendo a chorar mais baixinho, enfim não chorar mais. Lembro também que quando tinha uns 17 anos minha mãe falou que ia me levar para um lugar onde cuidariam direito de mim, às vezes eles gritam como o meu pai, porem o lugar é agradável, tem pássaros, arvores, por fim normalmente tudo muito tranqüilo, sem contar que foi aqui que a encontrei.
Junto a ela, fui feliz, sou ainda por que a tenho na minha cabeça. Porem ela ficou com uma doença, não conseguo também lembrar o nome da que tirou ela de mim. Nunca a deixei de lado, essa doença trouxe tantos momentos difíceis; pessoas vestidas de branco ficavam ao redor dela, seus olhos não paravam de lagrimejar, pediam que eu fosse com ela para onde iria, e eu respondendo-a falava que iria e que um dia novamente estaríamos no mesmo lugar, no mesmo plano. Pela primeira vez vi que talvez durante um tempo ela não  estaria ao meu lado. Os meses foram indo, e ela só piorando, enquanto eu sentia também a dor dela, mas um dia ela sorriu, sorriu novamente como o mesmo sorriso que tinha quando a encontrei pela primeira vez, fechou os olhos, e o seu vulto luminoso atravessou a porta, sorrindo para mim, enquanto eu ia sentindo todos os meus sonhos se congelando para ela ficar sempre perto de mim.

Devaneios

Depois de muito muito muito tempo sem postar nada aqui ( desculpem-me estava sem Internet), vim aqui fazer algumas postagens para recuperar o tempo perdido (teria como recuperar o tempo perdido?), mas enfim vou começar com  um texto que não há narrador (acho que estou pegando gosto por este tipo de história, será?).


Devaneios
T: MENTIRA
S: E por que seria mentira?
T: Ela não teria coragem de me trair.
S: E não foi só com um, foram vários: Mario, João, Carlos, Francisco...
T: Ainda mais dessa forma, você está completamente enganada.
S: Não! Desta vez eu tenho provas.
T: Amor finalmente chegou, que bom.
N: Do que estavam falando?
T:  De nada, baboseiras, devaneios.
N: Já que não é nada, vamos então para o nosso passeio?
T: Vamos sim minha flor.
N: Estava morrendo de saudades sua, sabia?
T: Eu também.  Mas que cheiro é este vindo de você?
N: Meu novo perfume. Gostou?
S: Nossa que engraçado, é igual ao perfume do João.

sábado, setembro 25, 2010

....

Os dois se entreolhavam, já estavam naquilo há algum tempo, até que ela disse:
- Deveria tomar mais cuidado, sabia?
- Pode deixar que da próxima vez, se houver , irei lembrar-me disso.
- Não brinque comigo garoto, estou armada.
Poom Poom.
Ela sorriu e ele caiu.

Projeto História & Cinema - Filme " A onda"

 Venho aqui fazer o convite para vocês irem a câmara assistirem o filme  " A Onda" que vai ser seguido por um debate, um filme ótimo, que com certeza vai colocar várias minhocas na sua cabeça.  
Local: Câmara Municipal de Curvelo 
Horário : 19h
Data: 28/09/10


segunda-feira, setembro 20, 2010

Choras por tão pouco

Quando escrevi essa poesia realmente concordava com o eu-lírico, porem hoje já compartilho com a ideia que eu antigamente quis passar com ela. Entretanto mesmo não concordando com a ideia quero postá-la aqui. 

Choras por tão pouco garota

Choras por tão pouco garota
Eu tenho como amigo o caos
Então tu reclamaste do que?

Por tão pouco choras garota
Tu não és uma mãe que perderas teu filho para as drogas
Não és a mulher que perderas filho e marido
Nem sequer viras a guerra
Eu sim vira a guerra
Vi homens fazendo tudo que sempre lhe falaram para não fazerem
Vi estupro, roubo, choro, destruição, sangue de gritos pelo ar.

Choras por tão pouco garota
Aliás, essas lágrimas que escorrem no seu rosto não vão ser nem as primeiras nem as ultimas por amor
Este por quem chora não vai ser nem o primeiro nem o último a te deixar
Tens tanto que aprender garota, és ainda um bebê sabia?!

Por tão pouco choras garota
Sua vida mal começou e ainda corre como um flash
Eu sim devia reclamar
Pois nada mais me resta
Nem sequer tenho uma vida para recomeçar
Já que a morte sou eu
E esta eu não desejo a ninguém.

Radiohead

  
Eu juro que tentei não postar nada sobre essa banda ou sobre as músicas deles, mas não deu, fracassei ao tentar ficar calada sobre meu pequeno fanatismo sobre o Radiohead. Então vim aqui mostrar a vocês uma músicas deles que para mim é muito linda e acho que é impossível  alguém não sentir-lá entrando no que chamamos de alma (ouseiláoque) e sinceramente é uma boa dica de música.


True Love Waits

I'll drown my beliefs
To have your babies                                                    
I'll dress like your niece                                                            
To wash your swollen feet                                                     

Just don't leave                                                                       
Don't leave                                                                                   

I'm not living                                                    
I'm just killing time                                                                    
Your tiny hands
Your crazy kitten smile    

Just don't leave
Don't leave

And true love waits                               
In haunted attics
And true love lives
On lollipops and crisps

Just don't leave
Don't leave

Just don't leave




sexta-feira, setembro 17, 2010

Inicialmente ...

Inicialmente era só uma coceirinha na perna, leve, quase não incomodava. Com o tempo ela não coçava somente a perna, mas os braços, a testa, o couro cabeludo, pés, orelha, e quando percebeu, já era todo o corpo. Com isso ficou desesperada, não sabia onde mais coçava, onde alimentava toda aquela vontade imensa de coçar e coçar. Ela não conseguia mais parar, sabia que quanto mais coçava mais vontade teria, porém coçava cada vez com mais força. Logo o seu corpo foi ficando avermelhado, feridas começaram a surgir, e o sangue ia emergindo delas. Saía sangue, sentia dor, lágrimas também caiam de seus olhos, não sabia por que continuava, sua mente queria parar, mas suas mãos continuavam a querer coçar, coçar todo o corpo avermelhado e machucado.
Que a coceira já tinha a invadido isso era comprovado, fazia parte do seu corpo, do seu psicológico. E ninguém sequer ia acreditar que aquilo tinha começado numa tarde com uma leve coceirinha na perna. Até que de repente durante toda aquela crise a porta da casa foi aberta. Era um rapaz, já seu conhecido, que assustado com todo aquele sangue e feridas espalhadas pelo corpo dela, correu para tentar ajuda – lá. Assim juntou as mãos daquela garota e colocou-as para trás de modo em que ela não conseguiria coçar mais parte alguma do seu corpo. Então ele começou a limpar primeiro os ferimentos, depois fez os curativos e quando viu já tinha enfaixado todo o corpo dela.
Passou- se o tempo, às vezes aquela garota continuava a sentir uma coceirinha na perna, nunca conseguiu realmente esquecê-la, porém também se lembrava da dor que sentiu. Além disso, sentia que se começasse a se coçar de novo provavelmente não ia aparecer mais ninguém que pudesse salva-lá e assim ficaria coçando, coçando, sem conseguir mais parar.

Escritor- Fernando Sabino

Se me perguntarem: Sophia qual o escritor favorito? Logo, logo respondo: Fernando Sabino. E por digo isso? Por que foi por causa desse escritor mineiro que comecei a escrever e a ler sem parar, acho ele simplesmente fantástico, seus livros conseguem fascinar qualquer idade, não importa se você é ainda uma criança, jovem ou adulto, com certeza vai gostar dos livros dele. Então venho aqui indicar um livro dele, muito bom, com uma linguagem muito fácil  (para quem não gosta de linguagem rebuscada), original, e que vai fazer você pirar, gritar e se emocionar ( e com certeza se identificar com os personagens), o livro é Encontro Marcado (para mim o melhor dele, já que li quase todos os seus romances).

                

terça-feira, setembro 14, 2010

Um sangue viscoso e laranja

Então, este é o texto que foi indicado para o Festival de Arte e Cultura (boa sorte para mim e tomara que em Brasília eu já esteja).

Um sangue viscoso e Laranja

Soa a sirene... O turno acabou.
Ando desesperado, tremendamente apressado para chegar em casa.
Como dói a labuta do pão-nosso de cada dia.
E por falar em pão, tudo que agora quero é um pão.
Pão-cheiroso, pão-gostoso, pão-mineiro, pão-de-queijo!
A boca saliva na espera desse doce aquecimento.
Tudo em vão.
Abro a porta.
Meus olhos não querem crê no que vê.
Meu Deus! Lá está ela chorando lágrimas de sangue.
Como? Por quê? Queria eu saber.
É tudo muito estranho ...
Um sangue viscoso e laranja desce como cachoeira viva.
Quanta angústia.
Quero logo saber o que se passa, e de maneira sem graça pergunto:
- Que aconteceu minha querida?
Nem o silêncio responde.
Posso ouvir até o barulho das lágrimas, mas tudo permanece em completo silêncio.
Entro então em completo desespero.
Onde estou afinal? Em casa? Em um bosque?
Trepida loucura!
Onde está você agora minha querida... Não a vejo mais....
Sinto, porém suas lágrimas de sangue sobre o meu corpo.
Vejo tudo imantando em mim. O sangue que corre na pele escoa veias adentro.
Mágica simbiose.
E pela primeira vez me sinto inteiro: corpo e alma.
Vou me desfazendo, espalhando pelo chão esse novo ser, vitalizado.
Despedaçando, instilando desejos e sonhos para que nasça novamente, entre um turno e outro, um novo sangue viscoso e laranja.
Ah! A cor púrpura é meu bem querer.
Até amanhã.

terça-feira, setembro 07, 2010

Dia ou noite?

Já olhou para o céu hoje querida?
Não, eu não consigo identificar
Noite ou dia?
Ô, meu deus, o que me aconteceu?
Não, não estou brincando meu amor
Meus olhos não conseguem captar
É noite, é dia
Não sei, não sei
MENTIRA. Nem sequer agora estou vendo
Invadiu-me agora por dentro
Por dentro, acreditas?
É noite, é dia
Olhe você também
Sentiu? Não
Que pena
Só sei minha querida
Que para o céu vou continuar a olhar

Apanhador só

Estava vendo MTV até que a propaganda de uma banda indicada com revelação no VMB e então como sou muito curiosa, foi logo pesquisar sobre e caramba é banda é demais (não brinco), cada música, com umas letras que tocam lá no fundo do coração, que você sente mesmo. A banda chama ''Apanhador Só'', ae vou deixar o link de um video deles no youtube "Pouco Importa" *-*

http://www.youtube.com/watch?v=5oKvpmugaWk

quarta-feira, setembro 01, 2010

F


Ela corria, corria, corria o mais que rápido que podia, olhava para trás, para os lados e não via ninguém, mas sentia a necessidade de correr, ela precisava sair daquele lugar, mesmo não sabendo nem por que, nem para onde. Seus olhos escoriam lágrimas continuamente, sua respiração era ofegante, sentia dor em todo sem corpo, seu consciente gritava , pedia socorro diante daquilo, sua cabeça estava latejando, mas mesmo assim seus pés tinham vontade própria, contudo ela não. Sua vontade ficava sempre escondida para si, um não, uma palavra sequer de reprovação fazia a desistir de qualquer ideia fixa na sua cabeça, era tímida e dentro do seu peito só havia medo e pessimismo.
Finalmente seus olhos avistaram alguma coisa agradável, era uma rua deserta, reta, sem nenhuma vegetação sequer, uma rua sem fim no qual ela o procurava com todo afinco, queria saber o que podia encontrar no final dela.
Ia acelerada, sua curiosidade só aumentava e a fazia esquecer toda a dor no corpo, até que seu sorriso se estendeu (qualquer um era capaz de ver aquele sorriso largo), as lágrimas cederam, os pensamentos pulavam da sua mente, e seu coração ia desacelerando, desacelerando, desacelerando. Parou!